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INVOCA-ME NO DIA DA ANGÚSTIA...

"Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás" Salmo 50:15 

Marco Antônio de Morais Alcantara


Deus não aceita a religiosidade. O seu culto tem que estar em harmonia com a sua vida e com a sua interação com Ele. É um grande perigo a autossuficiência na vida cristã, e a autonomia do crente, tendo, normalmente como consequência, o distanciamento de Deus. Neste sentido, o Salmo 50 é um recado de Deus muito importante para o seu povo.

O texto, na verdade trata-se de um acerto de contas com aqueles que um dia foram chamados, e que, não somente fizeram aliança com Ele, mas também derramaram o coração, se dispondo a servi-lo com as suas vidas.

 O problema aqui não era a falta de cultos, e de solenidades. Não faltava ali religiosidade. A liturgia parecia estar sendo cumprida, atentamente e de forma regular. Não estava faltando nada materialmente, e nem a adoração. Então, o que estava faltando?

Como dito, Deus chegou até ao ponto de dizer que estava farto dos sacrifícios do seu povo, e que não os queria mais.

Faltava algo que fosse genuinamente espiritual. Aquilo que o povo estava fazendo não passava de ritos.

Da para entender que o relacionamento do povo com Deus estava desgastado. Como dizemos hoje, perdeu-se o fervor, a simplicidade, e o primeiro amor. Parece que não havia gratidão ou dependência daquele povo para com Deus. O povo já achava natural que a nação tivesse aliança com o Deus altíssimo.

Em nossa vida também se passa o mesmo.

Quando conhecemos a Cristo vivemos o nosso primeiro amor, queremos fazer tudo, evangelizar, empregar os nossos talentos, e depois, tudo vai ficamos normal.

Experimentamos lutas, e Deus nos dá o livramento, e isso alimenta a nossa fé.

Mas, com o passar dos tempos, experimentamos a zona de conforto, e nos amoldamos a ela. Nossos altares ficam empoeirados.

Parece que para ter condições materiais para oferecer sacrifícios já era uma coisa normal. Deus abençoava aquele povo, e isso já parecia ser obrigação de Deus.

Tudo isso caracteriza uma situação de autossuficiência e autonomia espiritual, e Deus vai ficando de lado. Um dos momentos em que somos frágeis é quando a vida “começa a melhorar”.

Neste contexto apresentado pelo salmista Asafe, Deus abre uma porta para a oportunidade de uma nova experiência. “Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás”.

Este apelo, certamente alcançará os corações sensíveis. É uma espécie de alerta, coloque dizendo: “Olha, cuidado...não se iluda com as boas circunstâncias em que você vive, mas, em todo caso eu continuo sedo o mesmo Deus que você um dia conheceu”.

No entanto, parece que Deus também dialoga com um outro tipo de povo, aqueles que repetem os seus preceitos, dizem ter até aliança com Deus, mas as suas vidas não estão em conformidade com aquilo que eles confessam.

A estes Deus os chama de ímpios.

Estes já não escutam mais a sua palavra, rejeitam a disciplina, acham que tudo deve ser feito através das suas forças, e tudo começa aí. Ainda diz o texto que se associam com as pessoas não tementes a Deus (para ter proveito aqui na Terra), e ainda traem os irmãos.

Diz o salmo que até a realidade que eles tinham de Deus havia sido alterada, considerando que Deus não iria pôr em conta tudo aquilo. Para eles já era tudo normal, como se Deus agisse como nós, e as suas consciências estavam cauterizadas.  

Mas Deus ainda os adverte, de modo que se arrependam. Um ultimato é dado antes de uma disciplina severa.

Uma porta da oportunidade ao arrependimento é dada, para que eles mudem suas atitudes, e retornem a sensatez.

Da mesma maneira Deus faz até hoje, para conosco, estendendo sempre a sua mão, mas também, se necessário, convocando o nosso retorno à inteireza de coração e ao centro de sua vontade sob sua repreensão.


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