"Provando sempre o que é agradável ao Senhor" Ef. 3:10
Marco Antônio de Morais Alcantara
Este texto é dedicado a alguns pontos inegociáveis da intimidade espiritual do crente. Hoje não faltam muitos “escribas de igreja”, diagnosticadores da vida espiritual, e pessoas que se ocupam de cuidar de detalhes, que passam a ter importância primordial na doutrina, e na sorte do crente. Uma questão muito negligenciada hoje é a liberdade de consciência pessoal dentro da vida cristã, e a oportunidade de se interagir diretamente com Deus.
Existem pontos onde a Bíblia é mesmo inegociável, por
exemplo, quanto à adoração somente à Deus, e as leis morais. Contudo, existem
muitos pontos onde a Bíblia não determina explicitamente, sendo compreendidos
pela essência da doutrina bíblica como um todo, e que muitos doutrinadores
contemporâneos buscam prescrever para cada situação.
Muitos aspectos são até fantasiosos, criados pela mente do
homem.
O apostolo Paulo faz diversas advertências com relação a
esse tipo de coisas, prevenido os crentes de que eles não cresceram na graça.
De modo geral, estes pontos são relacionados à rudimentos
deste mundo, tais como aspectos cerimoniais da lei, sendo que, a lei não
aperfeiçoa o homem, mas a lei de Deus está no coração.
Neste sentido, eu diria que somente nós podemos ter uma
postura perante a coisas que podemos ou não fazer, com base naquilo que fomos
instruídos na palavra de Deus. Como diz o apóstolo em Romanos 14, há quem come
de tudo, e há aquele que “come só legumes”, contudo, “o que come não despreze o
que não come, e o que não come, que não julgue o que come” (vs. 2 e 3). Da
mesma forma, o apóstolo fala acerca d guarda de dias (vs.5), e o apóstolo fala
que cada um deve ter opinião bem definida em sua mente.
Ainda no versículo 6 Paulo diz que aquilo que fazemos ou não
fazemos é para o Senhor (e não para a nossa pontuação). Neste sentido, em
Efésios 5:10 o texto nos diz que podemos fazer tudo o que é agradável ao
Senhor. Esse é o critério.
O mesmo apóstolo adverte em Colossences 2: 16-23 que não
somos julgados por causa de comida ou bebida, ou ainda por dias comemorativos
ou de celebração, por que estas coisas eram sombras com relação aquilo que
haveria de vir, e que a religião segundo os preceitos e doutrinas de homens não
tem poder sobre a nossa sensualidade.
Sendo bastante radical, o apóstolo nos diz em Gálatas 1:4 de
que Cristo se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos “desarraigar”
deste mundo perverso, e em Colossences 1:3 Paulo nos diz que “Ele (Deus) nos
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu
amor”.
Com base em tudo isso, creia irmão (ou irmã) que você está
seguro (a) nas mãos de Deus.
Agora, talvez o (a) irmão (a) esteja em dúvida se já foi
reprovado (a) espiritualmente, tendo em vista a avaliação de outros irmãos com
os quais você convive.
Talvez isso seja com base na orientação de Paulo à alguns
irmãos de Corinto, recomendando-os que eles se examinassem a eles mesmos, para
saber se eles estavam ainda na fé. Contudo, aqueles irmãos não estavam
produzindo bom fruto, e ainda promoviam ódio e discórdia.
Existem coisas que somente nós mesmo sabemos acerca de nós,
tais como as nossas fraquezas, as nossas ansiedades, muitas vezes causadas pelo
fruto aquilo que fazemos, aquilo que deixamos de fazer em um determinado dia, e
que nunca mais esquecemos, e que diante disso nós nos sentimos privados de
Deus.
O apóstolo João, em I João 3:19-22 nos diz: “E nisto
conhecemos se somos da verdade, bem como, perante Ele, tranquilizaremos o nosso
coração; pois, se o nosso coração nos acusar, certamente Deus é maior do que o
nosso coração, e conhece todas as coisas. Amados, se o nosso coração não nos
acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos, Dele recebemos,
porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos diante Dele o que lhe é
agradável”.
Como se vê, Deus é maior do que o nosso coração. O nosso
coração é limitado, cheio de falhas e de filtros, criados pelos homens e por
nós mesmos.
O objetivo da carta do apostolo João era o de estimular a
confiança dos crentes em Cristo, e desfrutar da liberdade e paz, dada
unicamente por Deus.
Ainda talvez o irmão ou a irmã esteja entristecido por causa
de algum dia em sua vida em que falhou diante de Deus, e se vê ainda exposto
pela sua comunidade. Talvez seja algo que somente você e Deus tenham
conhecimento. Você pode sentir até alguém apontando o dedo para você, como se
soubesse do seu segredo íntimo.
Todos nós certamente conhecemos melhor a nossa trajetória
espiritual, os nossos fracassos, “aquele dia”...
Muitas vezes, quando se passa por uma aflição, se diz que
foi por causa daquele pecado, que somente a pessoa conhece.
A Bíblia nos traz um exemplo onde o profeta Elias foi sustentado
por uma mulher viúva e seu filho, em tempo de grande seca em Israel. Conta no
texto, que o filho da mulher adoeceu e veio a morrer. Com esse acontecimento, a
mulher exclamou ao homem de Deus: “Que fiz eu, ó homem de Deus, vieste a mim
para trazeres à memória a minha iniquidade, e matares o meu filho ?” (I Reis
17:18).
Não sabemos qual foi a iniquidade cometida pela mulher, mas
ela tomou a morte do seu filho com base em uma ação de causa (pecado) e efeito
(morte do seu filho). Sabemos pela continuação do texto que o profeta trouxe a
vida novamente o seu filho, quando este orou e Deus atendeu a sua oração.
Conforme o salmista do salmo 103, “Deus não nos trata
conforme os nossos pecados, e nem nos retribui conforme as nossas iniquidades”
(Salmo 103:10).
Tenhamos, pois, confiança diante da nossa carreira, e não
desanimemos, pois, como diz o apóstolo Paulo, “Esquecendo-me das coisas que
para traz ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o
alvo, para o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus” Fp 3:13-14.