“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento...”. Oséias 4:6
O que se observa nos dias atuais...
Grande repercussão do conhecido
movimento evangélico no Brasil, com estatísticas surpreendentes de crescimento
de adeptos, mas, também, ocorre o crescimento de um grande grupo conhecido hoje
como “desigrejados”. Isto tem chamado a atenção da Igreja e da sociedade, e,
uma pergunta que se faz é:
Como tem acontecido isso no
passado? E o que a Bíblia tem a falar sobre isso?
Podemos explorar o assunto considerando a contrapartida do indivíduo, do contexto social e da Igreja nos dias atuais.
Podemos explorar o assunto considerando a contrapartida do indivíduo, do contexto social e da Igreja nos dias atuais.
Primeiramente existe a relação do indivíduo com a Igreja.
Olhando na Bíblia, encontramos
uma passagem muito conhecida para os que frequentam a Igreja a algum tempo, e
explica a razão do abandono de membros que se desviaram da fé. Na primeira
epístola de João, capítulo 2 e versículo 3 diz: “eles saíram do nosso meio,
entretanto não eram dos nossos, por que se tivessem sido dos nossos teriam permanecido
conosco”. Aqui se refere a pessoas que vieram a negar os valores da divindade
de Cristo.
Como diz o versículo, “eles eram
do nosso meio, entretanto não eram dos nossos”.
O próprio Jesus falou da parábola do joio e do trigo, diferenciando
alguns tipos de pessoas quanto à semente que foi semeada (Mateus 13: 24-30).
Uma das razões para que alguns
deixem a Igreja pode ser o fato de que estas pessoas nunca de fato entraram
para a Igreja, ou que as suas motivações foram diferentes daquelas da semente
do evangelho.
Um outro aspecto é o da perseverança no evangelho.
Falando então em semente, antes
de falar da parábola do joio de do trigo, Jesus fala da parábola do semeador.
Jesus fala da semeadura, onde a semente é a nova do evangelho; e Ele ainda fala
de diversos tipos de terreno ou de contextos onde a semente caiu (Mateus 13:4-9).
Em primeiro lugar tem o caso da
semente que caiu à beira do caminho, “e as aves do céu a comeram; outra caiu em
solo rochoso onde a terra era pouca, e logo nasceu visto não ser profunda a
terra. Saindo, porém o sol a queimou, e porque não tinha raiz, secou-se. Outra
caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim,
caiu em boa terra, e deu fruto, e deu fruto; a cem, a sessenta e a trinta por
um”.
Aqui o nosso Mestre explica a parábola
da seguinte maneira (Mateus 13: 19-23):
O que foi semeado à beira do
caminho é aquele que não compreendeu a Palavra, porque o maligno lhe arrebatou
o que havia sido semeado em seu coração.
Acho que nos dias de hoje nós
podemos compreender estes como sendo aqueles que convivem com a Palavra, até
frequentam igrejas por alguma motivação, mas nunca tiveram uma decisão por
Cristo.
Por outro lado, existem aqueles
que aceitam a Palavra e tomam uma decisão por Cristo, mas, diante das primeiras
provações pela causa do evangelho, desanimam.
Sabemos que a vida cristã é uma
vida de lutas, e não “mar de rosas” como alguns pregam. A vida cristã é uma
trajetória de constante negar a si mesmo, e fazer a vontade de Deus. É também
uma vida de total dependência de Deus para as diversas circunstancias desta
vida. Uma luta que não é contra o homem, mas contra as forças espirituais do
mal (Efésios 6:12).
Jesus também disse que não
podemos servir a Deus e às riquezas (Mateus 6:24). Ele sempre preveniu que a
vida é mais importante do que o alimento, e que o corpo é mais importante do
que as vestes (Mateus 6:25).
O apóstolo Paulo fala em Timóteo que
o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e que muitos, nessa cobiça, se
atormentaram com muitas dores (I Timóteo 6: 9-10). Paulo também fala que “tendo
com o sustento e com o que vestir, estejamos contentes (I Timóteo 6: 8-19), e
ainda, que a piedade é uma grande fonte de lucro, com o contentamento (I Timóteo
6: 12).
No entanto, as nossas ansiedades
podem nos tentar a fazer nos garantir.
E Jesus, na parábola do semeador,
não deixa de apresentar figuradamente o tipo de pessoa que pode estar mais
susceptível de cair nas armadilhas desta tentação, a de ter auto suficiência diante
da vida terrena. Este é o caso daquela semente que caiu entre os espinhos. Os
espinhos são os “cuidados do mundo” e a fascinação pelas riquezas.
Até o exposto, a vida cristã
requer a compreensão e a aceitação do evangelho, a renúncia de si mesmo para
com Deus, a dependência de Deus, e o contentamento.
Esta evasão da Igreja sempre
existiu, conforme relata os escritos de Jesus e dos apóstolos. Mas, por que
hoje o fenômeno parece ser muito maior?
Os mesmos princípios apresentados
na parábola do semeador podem ser evocados e reforçados nos dias atuais. Nunca
foram tão evocados como hoje a valorização do ego, o materialismo, o incentivo
ao carreirismo, onde “tudo depende só de você”.
Aquilo que está à disposição do
homem aparentemente não tem limites. Os “cuidados do mundo” estão cada vez mais
próximos, trazendo uma nova realidade:
O presente século como serviçal ao homem.
Sobre países “desenvolvidos” se
pode falar que para a grande maioria a religião é para os desfortunados, para
que eles se esqueçam dos seus problemas e tenham esperança de uma vida melhor.
É bastante comum vermos que
antigas igrejas ou catedrais são hoje locais de apresentação de concertos
musicais ou de eventos culturais.
O desenvolvimento científico e
tecnológico que veio para nos ajudar, infelizmente, tem sido causa para que o
mundo se torne menos dependente de Deus. O ser humano tende a romper as suas
algemas para com o Ungido de Deus (Salmo 2).
Todas as transformações sociais
promovidas pela evolução científica e tecnológica tende a incentivar a competitividade e o crescimento
individual, rompendo com o coletivismo adotado na vida da Igreja.
Até mesmo a fé pode ser
alimentada por meio de recursos da mídia, de modo que pode dar a ilusão de uma
vida cristã isolada do corpo de Cristo. Uns
dizem que fazem em casa a leitura da Bíblia e as orações, em detrimento da vida
comunitária. Mas, se por um lado alguns
tem uma vida corrida para alcançar os seus objetivos, outros preferem se isolar
por estarem decepcionados com a igreja que eles frequentaram. Daí vem um outro
fator:
O fenômeno do endurecimento dos corações.
O apóstolo Paulo escreve à Timóteo,
em (II Timóteo 2: 1-5), que nos últimos
tempos os homens serão “egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes,
blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados,
implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem,
traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres do que amigos de
Deus”.
Paulo diz à Timóteo que estes têm
a forma de piedade mas negam a Deus o poder.
A postura dos homens na
sociedade, mesmo religiosos, tem afetado tanto o evangelho que Jesus disse que
por se multiplicar na terra os escândalos, o amor esfriará (Mateus 24:24).
O grande desafio para o Brasil
Grandes provações têm passado a
Igreja nos últimos dias, de modo a ser ter no presente um grande contingente de
desigrejados, e a tarefa hoje não é somente a de evangelizar, mas também a de
reintegrar os desigrejados.
Um grande evento que se passa
hoje sobretudo no Brasil é o da decepção mediante promessas que não se realizam,
pelo menos da maneira que propagadas; de uma vida sem lutas, de prosperidade
sem sustentabilidade, sem dependência ou submissão à vontade de Deus, mas,
curiosamente, se submetem à homens. Uma vida cristã sem cruz, e uma vida de
desconhecimento dos reais propósitos para os quais somos chamados.
“O meu povo está sendo destruído,
porque lhe falta o conhecimento...”. Oséias 4:6