I João 5:14: “Esta é a confiança que temos para com Ele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, Ele nos ouve”
Marco Antônio de Morais Alcantara
Eu gostaria de falar em 3, 4, 5
ou mais atitudes que podemos ter diante da oração, mas parece que o tema é por
demais amplo e que o leitor poderá inclusive encontrar um lado que não foi
explorado.
Falando em oração, a primeira
coisa que podemos falar é a de alguém que esteja falando com um ser superior. Então,
a primeira coisa que eu queria ressaltar é sobre o conceito de que este Ser
seja alguém pessoal; que ouve, que sente, que te conhece e sobretudo que te
ama.
Uma primeira atitude que podemos ter está relacionada com a maneira de como nós compreendermos esse “ser
superior”.
Considerando o caso de ser alguém
criado em um ambiente cristão, esta pessoa poderá ter outros conceitos
associados ao ser superior a quem ela se dirige, como por exemplo, de que Ele é
poderoso, está em um lugar sobremodo elevado e que chamamos de céu, e ainda,
que tem um constante senso de avaliação, sobretudo para julgar aquilo que você
está pedindo. A imagem deste ser superior é a de um ancião conhecido como o pai
de todos. Mas não é por isso que a pessoa tem a confiança e o impulso de orar a
esse ser superior.
No caso de ser alguém que, além
de ter sido criado em um ambiente cristão, tenha tido já comunhão com este ser
superior, Deus, esta pessoa pode ter até um hábito sistemático de fazer
orações, podendo variar conforme o conhecimento que esta pessoa tem de Deus.
Quando fomos crianças, aprendemos
a falar com o “papai do céu”. A medida que fomos crescendo, passamos a invocar
a Deus de modo diferente, certos de que acabou a nossa inocência, lidamos com a
vida “mais séria”, e que a nossa vida e os nossos atos estão sempre diante
dele; somos avaliados constantemente pela nossa consciência. A comunhão com
Deus se perde, e oramos somente para agradecer os alimentos, para dormir, e
conforme os protocolos que nos tocam mais. Diante de uma adversidade corremos
em direção à Deus, para ele nos socorrer.
Uma segunda atitude pode ser como a vida de oração está sendo colocada em prática:
uma atitude de protocolo ou de vida?
A oração não deveria ser um
protocolo, mas a respiração espiritual.
A Bíblia fala em “orar sem cessar”.
Jesus nos deu o exemplo de que a
vida cristã tem que ser compartilhada com Deus, o Pai, constantemente. O
sucesso do seu ministério esteve ligado a isso.
Ainda, um aspecto muito pertinente de ser falado é o da nossa possível introspecção na busca de nos encontrarmos merecedores de nos achegarmos à presença de Deus.
Um dos entraves da oração, em
termos de que ela se realize, é a nossa auto-avaliação, e os méritos que
encontraríamos em nós. Por nos acharmos pecadores, não temos a coragem de se
chegar à Deus.
Quem tem os méritos de chegar à
presença de Deus?
A Bíblia nos diz, em Hebreus
10:19-23:
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez
para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho
que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande
sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena
certeza de fé, tendo os corações purificados de má consciência, e lavado o
corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar,
pois quem fez a promessa é fiel.”
O que este texto nos quis dizer?
Antigamente, quando no templo de
antigo testamento, havia o tabernáculo de Deus na terra, onde haviam os
adoradores, israelitas, e os sacerdotes.
O adorador comum tinha o acesso
limitado, ao lugar chamado de “Lugar Santo” enquanto que, havia o lugar que era
o “Santo dos Santos”, onde era manifestada a presença de Deus, e que somente o
sacerdote poderia ter acesso, uma vez por ano, para oferecer sacrifícios de
animais, e interceder pelo povo para que Deus perdoasse os seus pecados.
Quando Jesus se entregou na e
rendeu o seu espírito ao Pai, ele exclamou que tudo estava consumado, a sua
obra redentora, e, o véu do santuário de templo em Jerusalém rasgou-se de alto
abaixo. O escritor aos Hebreus, como apresentamos pelo texto nos esclarece que
com este acontecimento o acesso à Deus, o Pai, está aberto a todos os que o
invocam, mediante os méritos que são proporcionados pelo sacrifício de Cristo
na cruz.
Não espere “ficar bonzinho” para
falar com Deus. Ninguém de nós temos justiça pessoal para termos acesso à
presença de Deus, mas Jesus Cristo é hoje o nosso sacerdote, que nos abre o
caminho para o Pai.
Agora, podemos perguntar sobre as nossas motivações para com as nossas
orações.
Como dito antes, a oração faz
parte da respiração da vida cristã.
Em que circunstâncias isto deve
acontecer? Diante de diversos contexto a nossa maneira de reagir nos denuncia o
nosso caráter.
Podemos falar de nossos assuntos
pessoais. O apóstolo Pedro nos exorta para que lancemos diante de Deus todas as
nossas ansiedades, porque Ele tem cuidado de nós (I Pedro 5:7).
Se a nossa vida está entregue à
Cristo, Ele certamente que suprir a cada uma de nossas necessidades, assim como
de nos livrar em todo transe agudo. A
vida do cristão é uma vida de dependência constantemente nele. Existem muitas
falsas doutrinas que pregam uma grande meritocracia ganha à custa de muito
esforço próprio, mas que não induzem a uma vida de dependência em Deus. E foi
justamente isso que Jesus viveu e pregou.
O apóstolo Paulo, quando ele fala
da armadura espiritual para ser usada nos dias maus, ele cita vários
acessórios, como a espada do espírito, o escudo da fé, o capacete da salvação,
e outros, mas no final ele nos fala para estarmos orando constantemente no
espírito Efésios 6:18). O apóstolo fala logo no início do texto que a luta não
é contra “sangue ou contra a carne”, mas contra “principados e potestades do ar”.
Paulo nos dá uma ideia de prudência diante de tudo, certos, de que a vitória
vem pelo braço de Deus.
Podemos ainda falar nas orações
de interseção. Orar pelos nossos problemas já não nos parece fácil, mas é
compreensivo que devemos pedir a Deus a ajuda para a solução de causas
difíceis. Mas, orar pelos outros, ou por causas, para nós muitas vezes fica
desapercebido. Orar pelos que sofrem...muitas vezes atribuímos a eles a causa
dos seus sofrimentos; orar pelo país...que preferimos aderir aos jargões e às
causas que mais nos motivam; orar pelos perseguidos pela causa do evangelho e
da justiça...às vezes preferimos agradecer à Deus a liberdade que temos (coisa
que realmente devemos fazer) mas não nos tocamos com os perseguidos, como se
eles estivessem longe, muito longe.
Em Ezequiel 22:23-31 Deus fala á
um povo onde Ele não encontrou ninguém que estivesse na brecha, intercedendo...
As orações de interseção nos
dizem o quanto somos misericordiosos ou não. Jonas esperou o castigo de Deus
para os ninivitas, não obstante o arrependimento deles.
Temos ainda as orações em favor
dos crentes na Igreja. Pelos enfermos, pelos que sofrem. Isto é apresentado em
Tiago 5:13-18. Conforme diz o apóstolo: “Muito pode, pela sua eficácia, a
súplica do justo”.
Finalmente, o que não poderia
deixar de ser mencionado, é:
Qual é a expectativa que temos diante da oração?
De modo geral ela pode ser duas:
a) A de incredulidade.
Quando não cremos que Deus vai
nos atender ao pedido, ou, melhor dizendo, temos dúvidas se Ele vai nos atender.
É evidente que temos que saber o
que estamos pedindo a Deus, assim como, porque estamos pedindo. A vida cristã é
uma vida de fé e de racionalidade. Podemos ser ousados, mas existem coisas que
não podemos deixar de apresentar à Deus. Neste momento é que é colocada à prova
o nosso conhecimento que temos de Deus.
Como diz o apóstolo Tiago, temos
que pedir com fé; “o que duvida é como a onda do mar, impelida e agitada pelo
vento”. O apóstolo diz que “esse homem não alcançará de Deus coisa alguma” (Tiago
1: 6-7).
b) Uma outra atitude que podemos ter
é a de confiança. Jesus nos estimula a pedir com fé, onde Ele disse que “Tudo
quanto pedirdes em oração credes que recebestes, e assim será convosco” (Mc 11:24).
Ainda, o apóstolo João nos escreve, em I João
5:14: “Esta é a confiança que temos para com Ele, que, se pedirmos alguma coisa
segundo a sua vontade, Ele nos ouve”.