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ONDE VOCÊ ESTÁ ENQUADRADO COMO IGREJA?

 


Marco Antônio de Morais Alcantara


Alguns condicionantes podem ser levantados, e estes ditam os modos de vida e de pensar em um grupo, além de pontos doutrinários secundários; aqui, a ênfase será dada à estruturas que conduzem alguns dos grupos denominacionais evangélicos, no Brasil. Mas, muitas vezes, esses pontos servem mais para separar do que para unir.

Alguns conceitos são indiscutíveis, quanto à importância e a necessidade da igreja na vida do crente.

Dentre estas, podem ser citadas as de comunhão, edificação, crescimento mútuo, adoração conjunta, além de que, do ajuntamento, e da união do povo de Deus, vem as bênçãos comunitárias.

Têm sido compreendidas, também, algumas responsabilidades do crente para com o corpo, podendo a ênfase e a rigidez destas variar de acordo com  a formação doutrinária, tais como: a participação presencial regular no templo convivendo com irmãos conhecidos, a vida de testemunho manifesta publicamente, a submissão às autoridades instituídas pela igreja, a fidelidade aos princípios doutrinários que o grupo comunga, a contrapartida financeira na manutenção do trabalho, a vida de oração, entre outras que poderiam ser citadas.

Estas responsabilidades, normalmente, têm sido defendidas com base nos princípios bíblicos, a partir dos quais se postulam que são criados os estatutos, e os princípios de “modus operandi” da igreja.

Protocolos têm sido incorporado nos últimos anos, com base em convicções, credos, obediência à princípios, e, isto gera reações com relação à determinadas estruturas criadas, e determinados grupos.

Procuraremos destacar alguns grupos e características, sendo que, algumas destas podem ser comuns à determinados grupos, ou, um determinado grupo pode exibir mais de uma característica.

O primeiro deles é o dos Fundamentalistas

Esse grupo surgiu diante da necessidade de defesa de algumas verdades bíblicas inegociáveis e que não podiam sofrer flexibilização; ele defende o uso da Bíblia como a única base de fé, assim como a maioria das igrejas reformadas; crê na inerrância da Palavra de Deus, e que, sobretudo, a Bíblia é a Palavra de Deus, diferentemente de uma outra compreensão, que considera que ela apenas  “contem” a palavra de Deus.

Algumas outras marcas são atribuídas também a este grupo, por base na repercussão sobre outros aspectos, podendo estes ser de diferentes repercussões dentro da "nuvem eclesiástica"..

Os Fundamentalistas advogam em favor da ordem, decência e moral, na vida eclesiástica.

Os Fundamentalistas têm sido guardiões da doutrina cristã, contra as modernidades, e com grande resistência às mudanças sociais. 

Dentro da postura em defesa da moral, sobretudo a judaico-cristã, são dogmáticos, e apresentam uma tendência a serem sectaristas. Tendem a não se misturar com os outros grupos; mas acredito que outros fatores,, como os sociológicos, também podem influenciar nisto.

Não obstante a convicção acerca da inerrância das escrituras sagradas, alguns Fundamentalistas tendem  a criar uma bolha, de modo a menosprezarem o conhecimento secular, vendo-os como sempre conflitantes e ameaçadores com relação à doutrina e a fé cristã.. 

Os Confessionais

De modo geral, os Confessionais são também Fundamentalistas, os quais possuem teses doutrinárias acerca de aspectos particulares da Bíblia, gerando, por exemplo, o Calvinismo ou o Arminianismo. 

Os princípios de fé de cada grupo podem induzir a um comportamento típico na conduta pessoal e na liturgia. Os Calvinistas, tenderão a ter uma vida de devoção, adoração, submissão e descanso nos cuidados e na soberania de Deus, reconhecendo Ele como o fato maior, na condução dos eventos, enquanto que, os Arminianos, tendem a ter a visão da salvação condicional, enquanto ela dependa da contrapartida do homem, e ainda, consideram uma vida probatória do ponto de vista da caminhada cristã.

Alguns outros tipos de imperativos da igreja estão na forma de batismo, guarda do dia do Senhor, e usos e costumes. Alguns grupos restringem a comunhão daqueles que não professam a “mesma fé e ordem”.

Os Confessionais também são normalmente defensores da reforma protestante, contudo, muitos  se dizem reformados, embora estejam distantes do padrão da reforma, com base em suas prescrições.

Os Bíblicos e Evangelistas

Me refiro aqui àqueles grupos sinceros que são bíblicos, reformados, mas que não se constituem exclusivistas, e são acolhedores, desde que não precisem negociar em pontos fundamentais das escrituras, e da doutrina sobre Deus e a salvação.

Ortodoxos e de Missão integral

Acredito que esse grupo pode ser definido pelos "Evangelicalistas", um grupo reformado que tende a se posicionar de modo diferente dos "Fundamentalistas". Estes aspectos estão apresentados em conjunto, visto que, uns estão, também seriamente comprometidos, em conservar a essência da pregação, da adoração e serviço, e da liturgia, enquanto que, se preocupam também com o corpo material e o cotidiano do evangelizado.

Alguns ortodoxos até questionam a militância na área material, alegando que, "não adianta o indivíduo ser alfabetizado, e ir para o inferno”. É obvio, que entre a salvação e a vida material, a salvação é infinitamente muito mais importante; contudo, é triste pensar que, se o indivíduo vai para o inferno, ele ainda deva viver uma vida penível e de exclusão aqui na terra.

A Igreja não pode se conformar com este século, e se manter indiferente à exclusão social.

Igreja Progressista

Normalmente esta igreja tem como característica a defesa da igualdade, dos direitos, na atuação da igreja em prol da sociedade, aquela que vai além do aprisco evangélico, e até na defesa da diversidade.

Igrejas Comunidades

Estas tem como ênfase a vida em comunidade, reuniões, criação de células, ou pequenos grupos de comunhão.

Igrejas Tradicionais e Igrejas Pentecostais

Os crentes pentecostais são distintas pelo uso dos dons, tanto na igreja como na vida prática. Os Tradicionais são "Cessacionistas", ou seja, os que creem que a manifestação dos dons foi exclusivamente para uma época; enquanto que os Pentecostais creem na atualidade da manifestação dos dons.

Os Tradicionais tem a Bíblia como a base de fé, enquanto que os muitos Pentecostais, para as suas decisões e orientação pessoal em suas vidas, se apoiam ainda em  “revelações”, ministradas por outros  irmãos. Este assunto é de certo modo complexo, pois, estas revelações não podem estar em desarmonia com o que está revelado na Bíblia, e, qual seria o fim proveitoso destas palavras de revelação, na vida do irmão.

De modo geral os Pentecostais são criticados por darem ênfase maior na experiência, em negligência ao estudo sistemático das escrituras, como fazem os Fundamentalistas, contudo, estão também mais isentos de influências conservadoras diante de algumas inovações, de modo que estes chegaram a conquistar as massas. 

Um outro aspecto que é marcante na linha de ação das igrejas Pentecostais, é quanto à liberdade de ação do inimigo.

Embora não devamos menosprezar e ignorar a ação do inimigo, o qual é o opositor da igreja em todos os tempos, alguns grupos  tendem a dar até uma ênfase ao trono de Satanás, e as suas investidas contra a Igreja e os crentes; contudo, em uma posição diferente, os tradicionais, principalmente calvinistas, confiam na soberania de Deus, e que, o Diabo tem ação limitada aqui na terra, e ainda que, não fará nada sem a permissão ou o consentimento de Deus.

Quanto à segurança da salvação, mesmos sendo salvos, alguns pentecostais creem nas possibilidades da perda da salvação, principalmente por causa de pecado, e então, apelam para uma vida rigorosa de santificação (que é um dever de todos), de um modo a se resguardar. 

Ainda, da falta da convicção de tudo o que somos com Cristo, e de sua segurança, este terreno é fértil para a inserção de doutrinas que são incompatíveis com a vida cristã, tais como, a da “maldição hereditária”.

Igreja Sincretista

O Brasil é caracterizado por uma diversidade cultural, a partir das quais, a doutrina pregada foi mesclada com entes destas culturas, de modo a se criar uma visão animista do mundo espiritual.

Práticas diferentes do cristianismo têm sido praticadas, mescladas com outras vindas de outras religiões. Doenças, que podem ser explicadas pela disfunção ou falências do organismo humano, são atribuídas a ação de demônios.

Não obstante eu creia na cura divina, seções de cura tem substituído o tratamento médico.

Reconhecemos que em nosso país a saúde é limitada a poucos.

Igrejas Privadas

Podem, talvez, por esta denominação, ser compreendidas aquelas que igrejas que são criadas por iniciativa particular, possuem um guardião humano, “dono”, alguém que detém a razão social da instituição, e tem até mesmo o direito de repassar isto aos seus descendentes ou sucessores.

Igreja Pragmática

É aquela que procura ser “prática”, administrativa, e aplicar aquilo que dá certo. 

Por exemplo, enquanto que, para uma igreja histórica, se faz necessário o preparo de um obreiro em um seminário, o qual receberá o conhecimento acadêmico, fará uma tese, e ainda passará por um processo de licenciamento, em algumas igrejas, o pastor é feito no bairro, onde atua, e é ordenado.

Igrejas Carismáticas

Estas se caracterizam pela prática da oração e da atuação do Espírito Santo na vida das pessoas, através dos dons e do poder dado aos homens.

Movimentos

São grupos que não se constituem em igreja, mas que tem linha doutrinária, e a busca de objetivos de vida. Desta forma, alguns grupos tem sido formados.

Observações finais

O evangelho tem que ser vivido. O evangelho tem que ser pregado.

Após tanto tempo convivendo sempre em uma igreja, e ao mesmo tempo convivendo com outras, venho observando, nos últimos tempos, um acirramento de tensões no meio evangélico, ou evangelicalista, no Brasil.

Durante muito tempo, ao longo da história, os cismas eram dados por questões de doutrinas, de costumes e de liturgia.

Este acirramento, aparentemente, têm se dado nos últimos tempos, diante de aspectos como:

Mudanças nos costumes sociais, em particular com o pós-modernismo

Conflitos no país, em termos políticos e sociais, e das quais a Igreja tem que ter uma resposta bíblica; contudo,  assume hoje, cada grupo, as posições que lhe estão mais próximas de suas realidades doutrinárias e sociais.

Ondas crescentes de triunfalismo, que criam visões místicas para a Igreja.

“Israelização” da igreja, dando "zoon" à alguns aspectos do velho testamento, e aplicando de modo impróprio.

As mudanças na ciência, na cultura e na tecnologia, que causam impactos àqueles que receiam mudanças. Pôde-se observar isto durante e ainda hoje na pandemia, pela resistência que muitos ainda  tem de acatar ao culto on line. 

As novas formas de tecnologias, que permitem outros tipos de reunião e de organização.

Uma das manifestações do último tempo é, talvez, a do "desigrejado", o qual já não encontra mais a sua igreja de origem.

Devemos então estar atentos para estes fatores, que, como já ressaltado, são as que dão definição ao modus operandi das igrejas, e que devemos estar agindo de maneira sábia para evitar conflitos entre irmãos.


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