"Por isso também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus, e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações" Efésios 1:15-16
Marco Antônio de Morais Alcantara
Gosto muito de ler as introduções
das cartas de Paulo às igrejas, elas nos dão muito conforto quanto às
exortações, mas de modo geral eu noto que às vezes elas são pouco notadas pelas
igrejas atuais. Faremos uma análise da exortação aos crentes de Éfeso, em
particular quando Paulo fala de como ele orava em favor deles. Assim começa
conforme Efésios 1:15-16:
“Por isso também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus,
e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós nas minhas
orações”.
Paulo
reconhece que existe o amor entre os irmãos, e a fé. E isto está em consonância
com o pedido de Jesus na oração sacerdotal (João 17:21).
Podemos ver
outros casos em paralelo. Lemos em Colossenses 1:3-8 uma observação parecida com
esta, que é manifestada. Paulo também fala da esperança que está preservada
para eles, nos céus. Paulo ainda observa que a palavra do evangelho chegou até
eles e estava produzindo frutos em todo o mundo, desde quando eles entenderam a
graça de Deus.
Para os
crentes de Tessalônica, em 1 Tessalonicenses 1:2-10 Paulo os congratula,
fazendo menção da fé que eles tiveram, e que se tornou operante, e ainda que
eles tiveram firmeza da esperança no Senhor Jesus Cristo. Paulo observa que a
palavra chegou até eles em um momento de tribulação, mas em poder, de forma que
eles se tornaram o modelo para os crentes na região. A mesma palavra os levou a
abandonar os ídolos, para que eles passassem a servir ao Deus vivo e
verdadeiro.
Estas três
cartas pastorais assumem um papel importante, no sentido de se mostrar o que se
requer de uma igreja e de um crente. Em primeiro lugar, tem-se a necessidade da
fé no Senhor Jesus e o amor de uns para com os outros. Sem esses dois ingredientes é difícil de dar
partida às demais bênçãos. Aliás, bênçãos para a igreja e no sentido espiritual.
Observa-se também na vida destas igrejas, através de estudos adicionais, que
eles estavam imersos em culturas marcadas pelo secularismo da época,
diferentemente do que para os casos dos judeus, que tinham já a cultura do Deus
único e verdadeiro. Naturalmente, eles estavam assediados por outros tipos de
pensamentos religiosos, marcado por superstições e por ídolos. A ruptura com
toda aquela cultura para eles era um desafio, e eles alcançaram esta vitória em
Jesus Cristo.
Mas, o que
pedia Paulo pelos crentes em suas cartas pastorais?
Retomando o
texto de Efésios 1, dando continuidade através dos versículos 17 a 23, Paulo
diz:
“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no
pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para
saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória
da sua herança nos santos, e qual é a suprema grandeza do seu poder para
com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu
ele em Cristo, ressuscitando-o dos mortos, e fazendo-o sentar à sua direita nos
lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio,
e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no
vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre
todas as coisas, o deu á igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que
a tudo enche em todas as coisas”.
Aqui temos uma
oração que, de formas diferentes, ela acaba sendo apresentada em outras partes
do novo testamento em sua essência, e fala de coisas tais que sem elas a vida
da igreja não se viabiliza.
Em primeiro
lugar, fala de um espírito de sabedoria concedido por Deus, para poder
compreende-lo como ele é, e o que ele faz. Esta sabedoria leva à iluminação, à
percepção interior relativos à algumas coisas. Por exemplo: “Por que estamos na
igreja”? É a primeira questão que se pergunta. Em outras palavras, como se diz, qual é a
esperança do nosso chamamento? Deus não nos chamou para que não fôssemos a
lugar nenhum. Deus tem propósitos para nós enquanto igreja. Somo filhos de Deus
e ele reservou muitas coisas para nós, e que são citadas nas escrituras.
A igreja
também tem um grande papel no sentido de manifestar a Deus e o seu reino, em
contraste a se viver subjugada aos rudimentos deste mundo. Acerca disso o apóstolo pedro escreve:
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, afim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”, 1 Pedro 2:9-10.
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, afim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”, 1 Pedro 2:9-10.
Sobre o
entendimento de renovação da mente, Paulo escreve aos crentes em Roma, situado o texto em
Romanos 12:1-2. Diz:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias
de Deus que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável
à Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Como se disse no
texto aos efésios, os “olhos dos nossos corações devem ser iluminados”. O coração físico não
tem olhos, mas aqui a palavra coração está em linguagem figurada; é no interior
deste coração que se abrigam os nossos desígnios, os quais devem ser levados a
estar em consonância com os propósitos de Deus. O nosso coração deve ser
transformado, de uma visão terrena e carnal para que os valores do reino de
Deus tenham lugar.
As riquezas da
glória de Deus na herança dos santos, como apresentada, foi invocada por Paulo em
favor daqueles crentes. Estas riquezas dificilmente são consideradas pelos
crentes de hoje, talvez por não ansiarem pelas grandes coisas que Deus tem para
nós, em detrimento de uma vida espiritual pobre e medíocre. Deus resolveu
investir em nós, e não apresenta um “Plano B”. Nós somos o alvo de suas
riquezas espirituais. Como diz em 1 Coríntios 2:9 “nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles
que o amam”.
Em vista a tudo apresentado, não poderia
faltar a operosidade do seu poder. A Bíblia começa mostrando esse poder na
criação do universo. Paulo fala na oração sobre a suprema grandeza do seu
poder, o qual Ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos. Difícil para
muitos é associar isto com a nossa vida espiritual, mas...nós “ estávamos
mortos em nossos delitos e pecados”, conforme Efésios 2:1. O poder de Deus é a
razão da nossa salvação, conduzindo-nos em nossas lutas espirituais, rumo à
santificação. A fé que salva também deve levar à confiança na operosidade do
poder de Deus.
Em Romanos
8:11 Paulo afirma que “Se habita em vós o
Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou
a Cristo dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos mortais, por
meio do seu Espírito que em vós habita”.
Finalmente, Paulo
lembra os irmãos de que, ressurreto, pelo Pai Cristo foi assentado à sua
direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, potestade, poder e domínio
de todo o nome que se possa referir, não só no presente século, mas também em
qualquer época que viesse e que virá.
Este Jesus tem
todas as coisas debaixo dos seus pés e é o cabeça da igreja. Já aos colossenses
Paulo menciona em Colossenses 1;9-12, que a partir do conhecimento da fé e do
amor vividos poe eles, pede que eles tenham “pleno conhecimento da sua vontade (de Deus) em
toda a sabedoria e entendimento espiritual”, e como consequência eles virão
“a viver de modo digno do Senhor para o seu inteiro agrado, frutificando em
toda a boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus, fortalecidos
com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança
e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai que vos fez
idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz”.
Diante de tudo isto que apresentamos,
compreendemos onde está a chave para a vitória. Se observadas, as petições de
Paulo aos colossenses e aos romanos se equivalem ao que ele pediu para os efésios. Uma coisa
que pode ser remarcada aqui é a alegria e a gratidão, sem as quais as
engrenagens da vida cristã não vão se ajustar bem.
Observamos que
não somos hoje diferentes dos crentes que são referidos no novo testamento. Somos
envolvidos pelo secularismo, pelo pós-modernismo, pela liberação da carne, e
temos os mesmos compromissos não somente com a santificação, mas a
responsabilidade de mantermos íntegros como igreja e de proclamarmos o
evangelho e as virtudes de Deus.