“Tudo foi criado por meio Dele e para Ele” Colossenses 1:15
Nos deparamos logo no início do
evangelho de João com a citação de um ser totalmente diferenciado dos seres
humanos, sobretudo pela sua autossuficiência e pela sua auto- existência:
“No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
intermédio Dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (João 1:1 e 2).
Quando se descreve as
características desse ser incomum, nos remetemos a pensar que ele compartilhe
dos mesmos atributos que são exclusivos à Deus. De fato, o texto nos diz que
Ele estava mesmo com Deus, não usurpando este privilégio, e ainda, de que ele
também era Deus.
Este ser, que também era Deus,
participa também da sua soberania, no sentido de criar todas as coisas, e
ainda, ele foi indispensável na criação do mundo.
Neste sentido, o apostolo Paulo
nos escreve em Colossenses 1:15 de que “Ele
é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”. Ainda, no final do versículo 16 do capítulo 1,
o apóstolo ainda considera que “Tudo foi
criado por meio Dele e para Ele”. E
segue no versículo 17 afirmando que “Ele
é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste”.
Voltando ao evangelho de João,
prosseguimos no versículo 4 do capítulo 1, que “A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens”.
A “vida estava nele” se torna
coerente de que “nele tudo subsiste”.
O apóstolo Paulo, diante de um
altar erigido em Atenas, dedicado ao “deus desconhecido”, aproveitou a
oportunidade para dizer que este deus desconhecido era o “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Ele o Senhor do
céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas...” Atos
17:24, e segue no versículo 28 dizendo que “Nele
vivemos, e nos movemos, e existimos...”
Além de ser identificado como o
doador da vida, o evangelista apresenta o Ser supremo como sendo o ser que
ilumina a todo o mundo (João 1:8 e 9). Não é por acaso que o verbo da vida
estava presente na criação quando foi dito: “Haja
luz, e houve luz” (Gênesis :3). Seguindo este mesmo texto, temos que ”E viu Deus que a luz era boa; e fez
separação entre a luz e as trevas” (Gênesis 1:4).
O texto do evangelista foi
escrito para homens, e, cremos que podemos tomar a luz como sendo a orientação
para a vida, e a transparência quanto às obras.
Sem seguir a ordem do texto,
temos no versículo 14 de João 1 que, “O
Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a
sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
Porém, quando lemos ”, João 1:10,
nos vem uma decepção, visto que ”o mundo
não o conheceu”. Ainda...“Veio para os seus, e os seus não o
receberam” (João 1:11).
Cremos que o mundo não o recebeu,
não tendo sido capacitado para isso quando visto pelas suas competências. Algo
de extraordinário tem que acontecer no coração e na mente do homem.
Como se compreende dos versículos
12 e 13 de João 1, tem-se que: “Mas, a
todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a
saber: aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” João:12.
Surpreendentes são estas últimas
frases. É fruto da vontade do homem versus a da vontade de Deus.
Certamente isso pode trazer
muitas implicações. Como pensa o homem? E como Deus pensa?
O ser celestial que aqui andou se
deparou com muitas atitudes que são extremamente humanas e terrenas, e que se
incompatibilizam com as do reino dos céus.
O evangelho de João, e os outros evangelhos, são ricos em mostrar estes contrastes. Sejam decorrentes da mente caída do homem natural, como de nossas fraquezas e deficiências.
O evangelho de João, e os outros evangelhos, são ricos em mostrar estes contrastes. Sejam decorrentes da mente caída do homem natural, como de nossas fraquezas e deficiências.
João Batista, não o evangelista,
mas o profeta, foi o precursor de Jesus para preparar o povo para recebe-lo,
com a sua nova mensagem “arrependei-vos por que está próximo o reino dos céus”.
Este mesmo João que enfrentou os fariseus e os opositores da época, anunciou a
Jesus, reconhecendo a sua superioridade, que não se sentia digno de
desatar-lhes as sandálias; este afirmou publicamente que Jesus era o “Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo”.
No entanto, não obstante o
glorioso ministério realizado por João Batista como o precursor de Jesus e do
seu ministério, quando este esteve no cárcere, e tendo ouvido falar da fama de
Jesus, mandou interroga-lo dizendo: ” És
tu aquele que estavas para vir, ou haveremos de esperar outro? Mateus 11:3.
Jesus enviou como resposta que: “Os cegos
veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos
são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. E bem-aventurado
é aquele que não achar em mim motivo de tropeço” Mateus 11:5 e 6.
Em continuidade, Jesus testemunha
que, “Entre os nascidos de mulher nenhum apareceu
maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele”
Mateus 11:11.
Sempre me surpreendi com esta
declaração de Jesus acerca de João Batista. Uma coisa seria João Batista na
qualidade de profeta, e outra coisa na qualidade do “crente João Batista”. Somente
a atribuição de profeta não o poria no reino do céu, mas sim algo dentro dele.
Uma obra é criada no coração daquele que é salvo. Sem querer sair do escopo do
estudo, poderíamos chamar a atenção da inconstância manifestada acerca da
dúvida que ele lançou sobre Cristo. E a inconstância é algo típico do coração
do homem.
Outras passagens de Jesus, o
verbo encarnado andando com os homens podem ser observadas ao longo de
passagens dos evangelhos.
Felipe, após ter conhecido à
Jesus, transmitiu a nova à Natanael, o apresentando como “aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a que se referiram os
profetas, Jesus, o Nazareno, filho de José” (João 1:45). Diante disso,
respondeu Natanael: “De Nazaré pode sair
alguma coisa boa” (João 1:46)?
O pensamento humano tende a criar
adesivos e rótulos para as pessoas, conforme os meios e as circunstâncias de
origem. Isto tende a sacralizar pessoas e também a criar ídolos com base no
contexto terreno.
Felizmente que Natanael veio a aceitar
a Jesus diante de um contato pessoal e do toque dado pela revelação que Ele fez
a seu respeito, se mostrando onisciente e onipresente (João 1:48 e 49).
O profeta Isaías fala acerca do
servo do Senhor, que “não tinha aparência
nem formosura, olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse”
(Isaías 53:2). O mundo secular julga
conforme a aparência e os próprios interesses, segundo uma regra de valores de
troca.
Ainda podemos considerar os fatos
que são narrados acerca de Jesus quando marcou o início do seu ministério, com
o milagre da transformação do vinho em Cana da Galiléia, em uma festa de
casamento. Jesus já contava com os seus discípulos. De repente surge uma
exclamação, vinda da mãe de Jesus: “Eles
não têm mais vinho” (João 2:3). Seria um constrangimento muito grande se
Jesus não tivesse intervido ali naquele momento, realizando o milagre da
transformação de água em vinho; aliás muito melhor do que o original ali
servido, conforme a apreciação de especialistas. O pensamento humano vive em
constante desespero, ou por desconhecer, ou por ignorar o poder de Deus. Ali,
Maria entendeu que alguma coisa estava por vir, e disse aos serventes da festa:
“fazei tudo o que ele vos disser”
(João 2:5).
Este assunto, acerca da
credibilidade em Deus, era uma advertência constante durante o ministério de Jesus.
Digamos que todos nós estamos sujeitos a se comportar como tal diante de uma
situação adversa.
Chegando em Jerusalém, Jesus
encontra no templo aqueles que vendiam bois, ovelhas e pombos, e também os cambistas.
O que tem de imoral em exercer uma atividade econômica no templo? Certamente
eles estavam fazendo aquilo que seria no auge da visão secular, apropriando-se
do reino de Deus como atividade de comércio e de especulação da fé, para o
enriquecimento pessoal. A mente humana quer barganhar, explorar em proveito
próprio. O homem egoísta estava colocando o reino de Deus em função dos seus
interesses materiais.
Ao longo dos evangelhos, nós
observamos de modo geral um povo que esperou um messias rei guerreador que
libertasse o povo do jugo dos romanos, um homem marcado pela sua força, fato
que entrava em choque com a sua mensagem de renúncia, de amor e de tolerância,
e sobretudo de Cruz. Os próprios discípulos não compreendiam na época em que ele falava dos sofrimentos que ele haveria de passar, na mão dos homens para
concretizar o seu ministério.
O apóstolo Paulo afirma que “Certamente a palavra da Cruz é loucura para
os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1 Coríntios
1: 18). Ainda mais a frente: “Visto que
na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu pela sua própria sabedoria,
aprouve a Deus salvar aos que creem, pela loucura da pregação” I Coríntios
1:21.
Como dito anteriormente neste
texto: “Mas, a todos quanto o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que creem no seu
nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade
do homem, mas de Deus” João :12.
O ingresso para o reino dos céus passa por uma operação divina no interior do homem, envolvendo mente e coração, para uma nova cosmovisão e, por isso, Jesus adverte posteriormente a um homem chamado por Nicodemos, de que: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” João 3:3.
O ingresso para o reino dos céus passa por uma operação divina no interior do homem, envolvendo mente e coração, para uma nova cosmovisão e, por isso, Jesus adverte posteriormente a um homem chamado por Nicodemos, de que: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” João 3:3.