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A IGREJA, A SOCIEDADE E O MUNDO: PARTE 1, A IGREJA


"Também digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18) 

Esta é a primeira de uma série de postagens dentro do tema, mas antes, considera-se relevante definir o que é a Igreja, e a sua origem.

O que é a Igreja?
Muitos a compreendem como uma organização, constituída de professos, templos, confissão e propriedades. Alguns associam mais o conceito com o local, outros com os representantes, tanto os eclesiásticos como os fiéis, membros ou frequentadores. Dentre estes, têm aqueles que restringem o conceito à sua denominação, alegando esta estar mais associada com as origens, e então ser legítima, ou estar mais perto das escrituras, e ainda, que os seus fundadores receberam alguma revelação especial, para um grupo especial.

Um ponto também bastante discutido é quanto ao papel da Igreja como cobertura ao seguidor no sentido de religa-lo aos céus, ou da responsabilidade individual do seguidor para permanecer no corpo constituído pela Igreja.

Dentro da ideia de uma contrapartida pessoal, muitos consideram a Igreja como um “Clube dos bons”, dos puros, honestos, puritanos e imaculados.

Ainda, pode-se se referir à igreja como um lugar de exercícios espiritual, sem a inserção do indivíduo em algum tipo de rol, seja aqui ou nos céus, sem a responsabilidade de uns para com os outros, flexível de modo a permitir até o anonimato.

Infelizmente, não podemos ignorar que nos últimos tempos tem se visto a compreensão da Igreja até como empresa que explora a fé humana.

O que a Bíblia fala sobre a Igreja?
Em primeiro lugar temos que nos reportar às palavras de Jesus Cristo, o qual disse: “Edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18).

Desta afirmação, compreende-se que a Igreja teve um fundador, o próprio Jesus Cristo. Ele exerceu o seu ministério, evangelizou, criou o conhecido colégio apostólico, cumpriu com a sua vida e com o seu sacrifício aquilo que era requerido para que ele pudesse resgatar para si os pecadores, os quais iriam compor a sua Igreja, fato que Ele faz até hoje. A igreja não pode ter dono, e quem ousar fazer isso está usurpando de uma atribuição que não lhe é dada nem nos céus e nem aqui na terra.

A versão de que a Igreja é um local de pessoas perfeitas, ou de que tenham um histórico de vida surpreendentemente bom cai por terra. Os méritos de pertencer à igreja não são do seguidor, ou do fiel ou do membro, mas do próprio Jesus Cristo que pagou um alto preço para que a sua vida fosse resgatada. Pode se falar de uma vida transformada sim, como vemos nos exemplos das pessoas que Jesus salvou durante o seu ministério, mas não exclui a vida de constante dependência dele para o exercício da fé.

Uma compreensão da expressão “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” pode ser dada sob dois aspectos: o primeiro deles é de que ela sempre sobreviverá diante dos ataques que possam vir, seja dos poderes do mal, dos homens, ou até mesmo dos escândalos dos falsos obreiros que vão fazer gol contra; assim como também, ela vai atuar fortemente arrombando as portas do inferno e resgatando vidas que estão indo para lá, ou que já estão aprisionadas pelos poderes do inferno.

E isso graças ao poder mantenedor do eterno provedor da Igreja, o senhor Jesus, e à mensagem salvadora do evangelho. Aí vem a outra chave importante do assunto. Quando Jesus fez a afirmação de que ele edificaria a sua Igreja, Ele havia perguntado aos seus discípulos sobre quem o mundo dizia que ele era. Os discípulos responderam então que do povo uns diziam que ele era Elias, João Batista, Jeremias ou um dos outros profetas (Mateus 16:14). Diante da resposta, Jesus então os interrogou sobre quem eles diziam que ele era. Pedro, sempre impetuoso respondeu que ele era o Cristo, o filho do Deus vivo. Desta vez Pedro teve a aprovação de Jesus, pois foi inspirada pelos céus, e Jesus ainda ressaltou que sobre “esta pedra”, a declaração de Pedro, ele edificaria a sua Igreja. A verdade sobre Jesus é o fundamento da Igreja. Não obstante os profetas citados terem sido homens piedosos, eles não eram idôneos para poder edificar a Igreja.

Como surgiu a Igreja?
Os apóstolos tiveram um papel especial na implantação da Igreja, no sentido de que eles seguiram Jesus, aprenderam com Jesus, receberam as orientações de Jesus quando ele foi assunto aos céus, no sentido de que pregassem o evangelho, batizassem, fizessem discípulos, que aguardassem o revestimento de poder para a obra que a eles era destinada, e ainda que ele próprio, Jesus, estaria com eles todos os dias até à consumação dos séculos. Estes, quando já convertidos, com base na transformação que tiveram em suas vidas, vendo todos os fatos e compreendendo as escrituras, se tornaram pregadores intrépidos, em especial após o dia de pentecostes.
   
No dia de pentecostes ocorreu o grande evento da vinda do Espírito Santo, revestindo cada pessoa que se encontrava em um local onde se reuniam judeus de diversas nacionalidades, e estes ouviam como na sua própria língua materna, sobre as grandezas de Deus. Diante da expectativa dos que estavam estranhos ao assunto que estava acontecendo, dizendo que estavam embriagados, Pedro se manifestou e fez um grande discurso, persuadindo o povo ao arrependimento, e três mil pessoas foram convertidas sob o apelo arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus para a remissão de pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.

O apelo de Pedro é no mesmo sentido da pregação de Jesus, o qual dizia: “Arrependei-vos e crede no evangelho”. João Batista, o precursor do evangelho também chamou o povo ao arrependimento, e anunciou a vinda de Jesus dizendo: “convém que ele cresça, e que diminua eu”.

Observa-se a igreja sendo implantada a partir da casa de Israel, e que Jesus é o fundador e sustentador da igreja, à qual agrega os seus membros através do arrependimento e da submissão à Ele.
 
Posteriormente, um homem chamado Cornélio, que morava em Cesaréia, centurião da corte romana, piedoso ele e a sua família, o qual “fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus”, recebeu uma mensagem através de uma visão onde um anjo lhe disse: “as tuas orações e as tuas esmolas subiram para a memória diante de Deus”. Cornélio recebeu então a orientação de que ele chamasse a Simão, que tem por sobrenome Pedro, e lhe deu as “coordenadas” de onde Pedro se hospedava. Cornélio arregimentou então dois dos seus domésticos e um dos seus soldados para que fosse a cidade de Jope para contatar Pedro. 

Deus também preparou a Pedro para receber Cornélio, pois, para o apóstolo, o que estava acontecendo era algo inédito; entrar na casa de alguém não israelita. Uma vez contatado e Pedro interrogou sobre o propósito daquela visita, quando os homens lhe relataram sobre Cornélio, a visão do anjo e de que ele foi chamado para que ouvissem as suas palavras.

Pedro após a preparação de Deus atendeu ao apelo dos homens, e foi.

Pedro pregou aos gentios, conforme se depara o trecho (Atos 10:34-43):

“Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que teme e faz o que é justo lhe é aceitável. Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de jesus Cristo. Este é o senhor de todos. Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, tendo começado desde a Galiléia, depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, o qual andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele; e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém; ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia, e concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio do seu nome, todo o que nele crê recebe remissão de pecados”.

Diz a passagem bíblica que enquanto Pedro falava estas coisas “caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra” (Atos 10:44). Alguns dos fiéis da linha judaica que estavam com Pedro se admiraram por que sobre o povo não judaico foi derramado e Espírito Santo. E ainda, receberam os novos convertido como irmãos e não lhe negaram o batismo, visto que também receberam o dom do Espírito Santo assim como eles.

Estava acontecendo a expansão da Igreja, se tornando universal como era o desejo de Deus.

O novo testamento apresenta a Igreja como a comunidade dos arrolados nos céus (Hebreus 12-23), isto é, os remidos pelo sangue de Jesus Cristo, e aperfeiçoados por Deus, independentemente de sua nacionalidade, raça, poder aquisitivo, situação social, ou qualquer outro enquadramento terreno. O apóstolo Paulo apresenta a Igreja como convergindo para Cristo, seja judeu ou não judeu, e que Cristo é o centro de todas as coisas (Efésios 2:11 a 22). Para tanto, todos estão imersos em um corpo, onde Cristo é o cabeça, e, para o crescimento orgânico deste corpo Cristo constituiu e vocacionou ministros, que lhe sejam fiéis.

Qual é o papel e o destino da Igreja?
Contrariamente ao que muito se pensa, a Igreja é algo para ser vivido já hoje, no presente como a manifestação de uma vida eterna com Deus, sem uma condição probatória. Jesus Cristo disse que é a ressurreição e a vida, e que quem nele crer, ainda que morra viverá (João 11:25). Não se referindo a uma denominação particular, o propósito da Igreja é proclamar as virtudes e a multiforme sabedoria de Deus, viver para a sua honra e glória, e um dia habitar com Deus por toda a eternidade.

Grande responsabilidade é fazer parte da Igreja. Pois como diz o apóstolo Pedro e sua epístola: "Vos porém sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pedro 2:9). 

A isso se compreende uma vida intercessora, não segregada, mas separada por Deus para um propósito, que tem consciência de pertencer ao reino dos céus, e que corrobora com o testemunho perante o mundo.
                 

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