"Tu me cercas por traz e por diante, e sobre mim pões a tua mão"
Salmo 139:5
Foto créditos: Marcelo Alcantara
No Salmo 139 o texto nos diz logo no início:
“Senhor, tu me sondas e me conheces (Salmo 139:1)”.
Isto quer dizer de imediato que não somos anônimos no
Universo. E, em um tempo em que somos cada vez mais rastreados, não podemos
deixar de mencionar o que o Salmista também já dizia sobre Deus:
“Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o
meu deitar, e conheces todos os meus caminhos” (Salmos 139:2-3).
Tudo registrado sobre nós, no ”computador servidor” de Deus.
Não dá para escapar. Estamos tão conhecidos não só pelos nossos atos, ou pela
nossa trajetória, que o salmista ainda diz: “Ainda a palavra não me chegou à língua,
e tu, Senhor, já a conheces toda” (Salmo 139-4).
Deus conhece os nossos caminhos, nossos atos, e sobretudo, a
nossa motivação.
Mas, algo de confortante tem, quando o Salmista diz: “Tu me
cercas por traz e por diante, e sobre mim pões a tua mão” (Salmo 139:5).
Quando foi que Deus faltou? Quando foi que Ele esteve
ausente? Quantas vezes somos tentados a dizer que Deus virou as costas para
nós, ou que, não viu o que se passava conosco! Marta, a irmã de Lázaro, a quem Jesus
ressuscitou, exclamou a Jesus quando Ele chegou: “Senhor, se estiveras aqui não
teria morrido o meu irmão” (João 11:21). Marta ainda não entendia dos propósitos
de Jesus na morte de Lázaro, seu irmão, e que, inclusive, por que Ele “atrasou” a sua chegada à
Betânia.
Lembremos daquele hino, conhecido como “Deus é fiel”, e que diz
em uma das estrofes: “Nunca mudaste, tu nunca faltaste, tal como eras sempre serás”.
Um outro hino tradicional também diz: “Teu piloto ainda sou...”
A compreensão sobre isso era também difícil para o Salmista.
Ele diz: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado,
não o posso atingir” (Salmo 139:6).
Dentro da simulação de fugir de Deus, o Salmista continua: “Para
onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos
céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;
se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares: ainda lá me
haverá de guiar a tua mão e a tua destra me susterá. Se eu digo: As trevas, com
efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas
não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa” (Salmo 139:7-12).
Agora vem a questão de nossos atos. A soberania de Deus
nunca falha! Quando escutamos alguns testemunhos, muitas vezes observamos algum tipo de
depoimento, como de alguém que “se lançou”, de alguma maneira, por não ter por onde
fugir da circunstância em que se encontrava, e, no fim, viu a mão de Deus, de
alguma maneira, pela qual Ele interviu de modo surpreendente. Muitas vezes
perdemos o controle devido aos nossos próprios atos, e de modo surpreendente
percebemos que Deus ainda está no controle.
Deus nos criou com um propósito. Não é por acaso ou sem
motivo a nossa existência. Ainda pode-se mencionar o depoimento do Salmista, em
que ele fala: “Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha
mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste;
e as tuas obras são admiráveis, os meus ossos não te foram encobertos, quando
no oculto fui formado, e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus
olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos
os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia
ainda” (Salmo 139: 14-16).
Fomos configurados por Deus. Não temos como fugir do link
que Ele estabeleceu enquanto Criador.
Um ponto bastante discutido é o determinismo. Até onde vai a liberdade do homem e a soberania de Deus? Em Provérbios 16: 9 diz: “O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos”. Pode-se pensar também em até que ponto vai a benevolência de Deus e a contrapartida do homem. Muitas vezes Deus tem o melhor para nós, e falhamos, mas Ele se mantém fiel.
Deus nos criou para uma vida com propósitos, e enquanto
assim, ele fará tudo para se cumpra em nós aquilo que Ele deseja proporcionar
através de nossa vida. Jó, depois de passar por toda a sua experiência de
desventuras permitida por Deus, e quando pode falar com Deus ele exclamou: “Bem
sei que tudo podes, e nenhum de seus planos pode ser frustrado” (Jó 42:1).
Deus não nos dirige por seus caprichos, e tudo o que Ele nos
faz é para nos conduzir conforme os seus propósitos, ainda que muitas coisas
talvez não entenderemos aqui neste mundo. Quanto nos toca aquele hino antigo
bastante conhecido, que apresento a seguir, transcrito do hinário presbiteriano “Novo Cântico”, de número 163.
Direção Divina
I
“As tuas mãos dirigem meu destino!
Ó Pai de amor, que seja sempre assim!
Teus são os meus poderes minha vida;
Em tudo, eterno Pai, dispõe de mim.
Meus dias sejam curtos ou cumpridos,
Passados em tristezas ou prazer,
Em sombra ou luz, de acordo com o teu plano
É tudo bom se vem do teu querer.
II
As tuas mãos dirigem meu destino!
Por mim cravadas na sangrenta cruz!
Por meus pecados foram traspassadas,
Bem posso nelas descansar, Jesus!
Nos céus erguidas, sempre intercedendo,
As santas mãos não pedirão em vão;
Ao seu cuidado, em plena confiança,
Entrego a minha eterna salvação.
III
As tuas mãos dirigem meu destino!
Acasos para mim não haverá!
O grande Pai vigia o meu caminho
E sem motivo não me afligirá
Encontro em seu poder constante apoio,
Forte é o seu braço, insone o seu amor;
Por fim entrando na cidade eterna, Eu louvarei meu Guia e Salvador.
Amém
Os versículos bíblicos são da Bíblia Sagrada, versão revista e atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil.